
Quando falamos em gestão de resíduos, é impossível não pensar no papel das embalagens. Elas representam uma parcela significativa do lixo urbano, são responsáveis por parte considerável da poluição plástica e, ao mesmo tempo, estão no centro de diversas inovações que podem transformar esse cenário.
A nova geração de embalagens sustentáveis não quer apenas minimizar impactos ambientais. Ela propõe uma mudança profunda na forma como produtos são criados, consumidos e descartados. Neste post, apresentamos as principais tendências que moldam esse futuro e os desafios que ainda precisam ser superados para que essas soluções se tornem acessíveis e eficazes.
Tendências que estão moldando o futuro das embalagens
1. Bioplásticos e materiais biodegradáveis
Os bioplásticos são produzidos a partir de fontes renováveis, como amido de milho, cana-de-açúcar ou algas, e se apresentam como uma alternativa aos plásticos derivados do petróleo. Alguns tipos são compostáveis e podem se decompor em ambientes controlados, reduzindo significativamente o impacto ambiental.
O desafio: Muitos bioplásticos ainda precisam de condições específicas para sua degradação, como temperatura e umidade elevadas, o que exige uma infraestrutura de compostagem que nem sempre está disponível.
2. Embalagens comestíveis
Inovações como filmes de algas, gelatinas vegetais ou amidos permitem criar embalagens que podem ser consumidas junto com o produto. Além de reduzir resíduos, elas oferecem uma nova experiência ao consumidor.
Exemplo: Copos de café feitos de biscoito ou invólucros de sorvete que se transformam em alimento após o uso.
O desafio: Garantir segurança alimentar, conservação do produto e aceitação do público em larga escala.
3. Sistemas de reutilização e refil
Cada vez mais marcas apostam em modelos de negócios baseados na reutilização, oferecendo embalagens duráveis que podem ser recarregadas ou devolvidas, evitando o descarte após o uso único.
Exemplo: Cosméticos em embalagens de vidro recarregáveis ou sistemas de delivery com potes retornáveis.
O desafio: Criar logística reversa eficiente, garantir higienização adequada e promover uma mudança cultural no comportamento do consumidor.
4. Embalagens inteligentes
Tecnologias como sensores, QR Codes e indicadores de validade estão sendo incorporadas às embalagens, permitindo monitorar o estado do produto, otimizar a cadeia logística e reduzir desperdícios.
O desafio: Garantir que essas inovações sejam implementadas de forma sustentável e que os componentes tecnológicos não dificultem o descarte ou a reciclagem da embalagem.
Desafios que ainda precisamos superar
Apesar dos avanços, a nova geração de embalagens sustentáveis enfrenta barreiras importantes:
- Custo: Muitas das alternativas sustentáveis ainda são mais caras do que as embalagens tradicionais, o que dificulta a adoção em larga escala, especialmente por pequenas e médias empresas.
- Infraestrutura: A falta de sistemas adequados para compostagem, reciclagem ou logística reversa limita o potencial dessas embalagens de realmente reduzirem o impacto ambiental.
- Regulamentação: A ausência de normas claras sobre a classificação e descarte de novos materiais gera insegurança tanto para fabricantes quanto para consumidores.
O papel da gestão de resíduos nesse contexto
Para que essas inovações realmente cumpram sua função, é essencial que a gestão de resíduos evolua junto. Isso inclui:
- Ampliar e modernizar os sistemas de coleta seletiva.
- Investir em educação ambiental para orientar consumidores sobre descarte correto.
- Estabelecer parcerias entre empresas, governos e recicladores para criar cadeias mais eficientes e circulares.
Mais do que tendência, uma responsabilidade
A nova geração de embalagens sustentáveis representa um avanço indispensável na busca por reduzir a pegada ambiental e construir um futuro mais equilibrado.
Empresas que investem nesse caminho não apenas atendem a uma demanda crescente do mercado, mas também demonstram responsabilidade social e ambiental — valores cada vez mais importantes para consumidores e investidores.
Na Vision Resíduos, acompanhamos de perto essas tendências porque entendemos que inovação e sustentabilidade precisam caminhar juntas. E você, sua empresa já está preparada para fazer parte dessa mudança?
5 países referência em economia circular: boas práticas para inspirar sua empresa
Quando falamos em economia circular, muita gente ainda associa o termo a algo distante, complexo ou restrito a grandes empresas. Mas a verdade é que existem países inteiros que já estão transformando essa ideia em realidade — e que podem servir de inspiração para quem quer fazer diferente, começando de onde está.
Enquanto o Brasil dá seus passos, alguns lugares no mundo mostram como políticas públicas, inovação e educação podem mudar, de fato, a forma como lidamos com o consumo e com os resíduos.
Quer ver na prática como isso funciona? Separamos cinco países que são referência em economia circular — e que mostram que repensar processos não só é possível, mas essencial.
Por que olhar para fora pode ajudar a mudar por dentro?
Conhecer exemplos de quem já avançou ajuda a ampliar horizontes. Dá aquela injeção de ânimo pra perceber que, sim, é possível transformar resíduos em recursos, gerar menos impacto e ainda fortalecer o negócio.
Empresas que apostam nessa mudança reduzem custos, ganham competitividade e constroem uma imagem mais alinhada com as expectativas de um mercado que, cada vez mais, valoriza quem cuida do meio ambiente.
5 países que mostram como a economia circular funciona na prática
1. Holanda: onde quase tudo vira recurso
A Holanda é referência quando o assunto é economia circular. Por lá, a meta é ambiciosa: até 2050, eliminar o uso de matérias-primas fósseis. Isso significa transformar setores inteiros — da construção civil à moda — com foco na reutilização e inovação.
Na prática: Amsterdã já colocou a mão na massa, criando estratégias que vão desde o design de produtos até a gestão eficiente dos resíduos da cidade.
2. Japão: disciplina que vira exemplo
O Japão é conhecido pela eficiência, e com os resíduos não seria diferente. O país tem políticas rigorosas de separação, além de apostar forte na reciclagem e na incineração com recuperação de energia.
Na prática: A pequena cidade de Kamikatsu virou um ícone: lá, mais de 80% dos resíduos são reciclados ou compostados, graças ao envolvimento direto da população.
3. Alemanha: quando governo, indústria e sociedade jogam juntos
A Alemanha é líder mundial em reciclagem — e não é por acaso. O país criou sistemas que funcionam, como o depósito de embalagens (Pfand) e a responsabilidade estendida do produtor, que obriga as marcas a cuidar dos seus resíduos.
Na prática: Fabricantes são responsáveis até pelo descarte correto do que produzem, o que incentiva a criação de produtos mais sustentáveis desde a origem.
4. Suécia: lixo que aquece casas
Na Suécia, praticamente nada vai para o aterro sanitário. Mais de 99% dos resíduos são transformados em energia ou novos materiais.
Na prática: O calor gerado pela incineração dos resíduos aquece milhares de residências, reduzindo o uso de combustíveis fósseis e mostrando como o que chamamos de “lixo” pode, na verdade, ser uma solução.
5. Finlândia: inovação e natureza de mãos dadas
A Finlândia aposta pesado em pesquisa e desenvolvimento para criar soluções circulares, principalmente em bioeconomia e materiais renováveis.
Na prática: O país foi o primeiro a lançar um “Roteiro Nacional para Economia Circular” e hoje lidera a produção de bioplásticos e tecidos sustentáveis, substituindo materiais de origem fóssil.
O que podemos aprender com esses exemplos?
Esses países mostram que a economia circular não é só um discurso bonito — é uma estratégia real, que gera valor, reduz impacto e transforma mercados.
Seja um pequeno negócio ou uma grande indústria, sempre dá para começar a repensar processos, buscar soluções mais sustentáveis e fazer escolhas que contribuam para um futuro mais equilibrado.
E aí, bora se inspirar nesses exemplos e colocar a mão na massa? O planeta — e as próximas gerações — agradecem!
Educação ambiental nas empresas: como envolver colaboradores na gestão de resíduos

A gestão de resíduos dentro de uma empresa não depende apenas de processos e estrutura — depende, sobretudo, de pessoas conscientes. Quando os colaboradores entendem o impacto de suas ações no ambiente de trabalho, a responsabilidade ambiental deixa de ser uma obrigação e passa a fazer parte da cultura da empresa.
É aí que entra a educação ambiental corporativa. Mais do que palestras pontuais ou campanhas sazonais, ela precisa ser constante, participativa e conectada à realidade do dia a dia.
Por que investir em educação ambiental dentro da empresa?
Além de contribuir com os compromissos ESG e com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, envolver os colaboradores traz benefícios diretos:
- Redução de desperdícios e custos operacionais;
- Maior eficiência nos processos de separação e destinação de resíduos;
- Engajamento das equipes em ações sustentáveis;
- Reforço da imagem institucional e reputação da marca.
Empresas que se preocupam com a sustentabilidade interna também são mais valorizadas por seus públicos e pelo mercado.
Dicas práticas para aplicar a educação ambiental no ambiente corporativo
1. Mapeie os principais pontos de geração de resíduos
Antes de tudo, é preciso entender onde e como os resíduos são gerados. Isso ajuda a criar campanhas específicas e mais efetivas.
2. Implemente ações visuais e didáticas
Placas de sinalização, infográficos e pontos de coleta identificados facilitam a separação correta e incentivam o hábito.
3. Crie momentos de conversa
Palestras rápidas, rodas de conversa e treinamentos periódicos mantêm o tema ativo. Use exemplos reais e linguagem acessível.
4. Promova campanhas internas
Competição entre setores, coleta de recicláveis com metas e reconhecimento simbólico funcionam como estímulos positivos.
5. Dê o exemplo na liderança
A gestão deve participar e demonstrar envolvimento com as práticas sustentáveis. Isso fortalece o engajamento e dá o tom da cultura.
Exemplos que inspiram
Algumas empresas têm se destacado por integrar a educação ambiental ao seu dia a dia:
- Braskem: promove oficinas e desafios internos com foco em economia circular e resíduos plásticos.
- Grupo Boticário: mantém programas contínuos de engajamento ambiental com colaboradores, incluindo metas por setor.
- WEG: desenvolve ações educativas nas fábricas e ainda leva conhecimento para as famílias dos colaboradores.
Sustentabilidade começa dentro de casa
Criar uma cultura sustentável é um processo. Exige constância, criatividade e escuta. Mas os resultados vão além do ambiente de trabalho: eles refletem no planeta e no modo como as pessoas se relacionam com os recursos à sua volta.
Educar é plantar — e na gestão de resíduos, esse cuidado começa com cada escolha feita no dia a dia.
Reciclagem de vidro no Brasil: por que ainda reciclamos tão pouco?

Quando falamos em reciclagem, o vidro costuma ser lembrado como um dos materiais mais sustentáveis. E com razão: ele é 100% reciclável, pode ser reaproveitado infinitas vezes sem perder qualidade e ainda consome menos energia no processo de fusão do que na fabricação do vidro virgem.
Mesmo assim, o Brasil recicla apenas cerca de 25% do vidro que consome, segundo dados da Abividro (Associação Brasileira das Indústrias de Vidro). Um número muito abaixo do potencial — e da média de países como a Alemanha, onde a taxa passa de 80%.
Mas por que reciclamos tão pouco?
Dificuldades logísticas e econômicas
Uma das principais barreiras está na logística de coleta. Diferente de materiais como papel e alumínio, o vidro é pesado, frágil e de baixo valor agregado. Isso torna o transporte mais caro e arriscado, especialmente para cooperativas e empresas de reciclagem que trabalham com margens apertadas.
Além disso, falta padronização nos sistemas de coleta seletiva. Muitas cidades brasileiras ainda não têm coleta específica para vidro ou não conseguem separar corretamente esse material dos demais.
Contaminação e mistura de cores
Outro problema frequente é a mistura de cores (verde, âmbar e transparente). Isso dificulta o reaproveitamento industrial, que exige vidro separado por cor para manter a qualidade do produto final.
A contaminação com outros resíduos, como restos de alimentos ou cerâmicas, também compromete a eficiência da reciclagem.
Falta de informação e incentivo
Muita gente ainda não sabe onde e como descartar vidro corretamente. Frascos quebrados, copos e potes vão parar no lixo comum, mesmo quando poderiam ser reciclados.
Do lado das empresas, ainda há pouco incentivo fiscal ou regulatório para estimular a logística reversa de embalagens de vidro, embora o tema esteja previsto na Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).
Caminhos possíveis para melhorar o cenário
Apesar dos desafios, existem caminhos para ampliar a reciclagem de vidro no Brasil:
- Expandir a coleta seletiva com foco em vidro, incluindo ecopontos e parcerias com supermercados e redes varejistas;
- Estimular a logística reversa, com maior participação das indústrias e marcas consumidoras de embalagens;
- Investir em campanhas educativas que mostrem como separar, limpar e destinar corretamente o vidro;
- Fortalecer as cooperativas de catadores, que têm papel essencial na triagem e encaminhamento do material para a reciclagem.
Exemplos positivos no Brasil
Iniciativas como a Verallia (fabricante de embalagens de vidro) e o projeto Vidro Vira Vidro da Ambev mostram que é possível estruturar cadeias de reaproveitamento eficientes e escaláveis. Em alguns estados, como São Paulo e Rio Grande do Sul, redes de pontos de coleta já têm contribuído para ampliar o volume de vidro reciclado.
A mudança começa na separação
Reciclar vidro é possível. Mas para que isso se torne parte da rotina de mais cidades, empresas e consumidores, é preciso repensar o sistema como um todo — da coleta à produção.
Separar o vidro corretamente é o primeiro passo. Destinar para o local certo é o segundo. O terceiro? A pressão por políticas públicas que realmente incentivem o reaproveitamento desse material.
Aterro Zero: O que é e como as empresas brasileiras estão adotando essa prática.

A forma como lidamos com os resíduos está mudando. Cada vez mais empresas estão buscando alternativas para não depender de aterros sanitários e dar um destino melhor ao que antes era tratado como lixo. Essa iniciativa tem nome: aterro zero.
Mas o que isso significa, na prática?
O que é ser uma empresa aterro zero?
Uma empresa com essa meta se compromete a não enviar resíduos para aterros sanitários. Em vez disso, reaproveita, recicla, compostagem ou destina os rejeitos para coprocessamento — garantindo que tudo tenha um fim mais responsável.
Na maioria dos casos, a meta é desviar pelo menos 90% dos resíduos do aterro. Embora o termo ainda não tenha uma definição oficial no Brasil, ele já vem sendo adotado por várias marcas como um compromisso real com a sustentabilidade.
Por que seguir esse caminho?
Buscar o aterro zero ajuda as empresas a:
- Reduzir custos com descarte e transporte;
- Cumprir metas ambientais;
- Fortalecer a imagem da marca;
- Envolver colaboradores e parceiros em ações sustentáveis.
É uma forma de alinhar impacto ambiental com boas decisões de negócio.
Empresas que já adotaram o aterro zero no Brasil
Ambev
Todas as fábricas da Ambev no Brasil já operam com aterro zero. Os resíduos são reciclados, reutilizados ou coprocessados, o que elimina a necessidade de descarte em aterros.
Nestlé
A empresa conseguiu aplicar o conceito em todas as suas unidades industriais no país. Parte dos resíduos passa por valorização energética, garantindo reaproveitamento completo.
Mercedes-Benz
A fábrica de São Bernardo do Campo transformou sua gestão de resíduos e hoje reutiliza ou recicla praticamente tudo que gera.
E quem é pequeno, consegue?
Sim. Muitos negócios menores também têm avançado nesse caminho. Com organização, boas parcerias e apoio técnico, é possível separar corretamente os materiais, reduzir desperdícios e encontrar soluções fora do aterro.
Não é só uma meta. É uma nova forma de pensar
Buscar o aterro zero é repensar processos, entender melhor os materiais que entram e saem da empresa e encontrar valor onde antes só havia descarte.
É uma decisão que transforma o presente e deixa marcas no futuro.
Por que o lixo orgânico ainda é um problema? Eu explico!

Olá! Eu sou o Viteco, e hoje vim conversar sobre um tipo de resíduo que quase todo mundo produz todos os dias, mas pouca gente sabe como lidar direito: o lixo orgânico.
Sabe aquela casca de banana, o restinho de arroz do almoço, o filtro de café usado ou até as folhas que caem no quintal? Tudo isso é resíduo orgânico. E mesmo sendo biodegradável, ele ainda representa um dos maiores desafios na gestão de resíduos no Brasil.
Vem comigo que eu explico por quê — e o que a gente pode fazer a respeito.
A gente gera muito — e aproveita pouco
Segundo a Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), o Brasil gera mais de 82 milhões de toneladas de resíduos sólidos por ano, sendo que cerca de 50% é material orgânico.
Ou seja: quase metade do que a gente joga fora é resíduo orgânico. Só que, ao invés de ser reaproveitado por meio da compostagem, fermentação ou biodigestão, a maior parte ainda vai parar em aterros sanitários ou lixões.
Isso significa desperdício de recurso natural e um impacto ambiental desnecessário.
Qual o problema de mandar resíduo orgânico para o aterro?
Quando os resíduos orgânicos vão parar em aterros, eles se decompõem sem oxigênio, liberando metano (CH₄) — um gás de efeito estufa até 25 vezes mais potente que o dióxido de carbono (CO₂).
Além disso, esse material úmido dificulta o trabalho de separação e contamina outros resíduos, como papel e papelão, impedindo que sejam reciclados.
É uma bola de neve.
E o que dá para fazer com ele?
O caminho mais eficiente para os resíduos orgânicos é a compostagem. Existem três formas principais:
- Compostagem doméstica: feita em casa, com composteiras simples.
- Compostagem comunitária: realizada em condomínios, escolas e bairros.
- Compostagem industrial: feita por empresas ou cooperativas com grande volume de resíduos.
Em todos os casos, o resultado é um material incrível: o composto orgânico, que pode ser usado para adubar hortas, jardins e áreas verdes.
E o melhor: já tem gente fazendo
- Curitiba (PR) tem um programa chamado Composta Curitiba, que distribui composteiras para moradores e oferece suporte técnico.
- São Paulo (SP) tem pontos de entrega voluntária de resíduos orgânicos em feiras e mercados públicos.
- Iniciativas como a Morada da Floresta e a Noocity oferecem soluções de compostagem urbana e corporativa.
Ou seja: não faltam ideias. Falta levar isso para mais lugares.
O que eu, Viteco, aprendi com tudo isso
O resíduo orgânico é valioso. Ele só vira “problema” quando é mal descartado.
Separar o orgânico em casa, no trabalho ou na escola ajuda a reduzir gases poluentes, economiza espaço nos aterros e transforma lixo em adubo. Pequenas atitudes viram grandes soluções quando todo mundo participa.
E eu estarei aqui, sempre de olho, torcendo para que mais pessoas façam parte dessa mudança.
Lixões no Brasil: por que eles ainda existem em 2025?
Mais de uma década após a aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), os lixões ainda fazem parte da realidade de centenas de municípios brasileiros. A lei determinava que todos deveriam ser encerrados até 2014, prazo depois prorrogado para 2024. Mas a meta não foi cumprida.
Hoje, milhares de toneladas de resíduos seguem sendo despejadas em áreas abertas, sem qualquer controle ambiental, colocando em risco a saúde da população, contaminando o solo e comprometendo os recursos naturais.
Por que, mesmo com leis claras e avanços tecnológicos, o Brasil ainda convive com os lixões?
O que são os lixões e por que são ilegais
Um lixão é o destino mais precário para os resíduos: um depósito a céu aberto, sem impermeabilização do solo, drenagem de gases ou tratamento do chorume.
A PNRS, sancionada em 2010, estabeleceu metas para substituir lixões por aterros sanitários — estruturas controladas e licenciadas. Apesar disso, dados da Abrelpe mostram que ainda existem mais de 2 mil lixões ativos no Brasil em 2025.
Leia também: Desafios e Oportunidades na Gestão de Resíduos no Brasil
Impactos sociais e ambientais
Os lixões representam muito mais do que um problema estético:
- Saúde pública: atraem vetores como mosquitos, ratos e baratas, aumentando casos de dengue, leptospirose e outras doenças.
- Solo e água: o chorume, altamente tóxico, infiltra no solo e contamina lençóis freáticos.
- Clima: a decomposição sem controle libera metano (CH₄), gás até 28 vezes mais potente que o CO₂ no efeito estufa.
- Comunidades vulneráveis: catadores e famílias que vivem próximas ficam expostos diariamente a riscos graves de contaminação.
O custo econômico dos lixões
Manter lixões não é barato. Pelo contrário, o impacto econômico é pesado:
- Municípios gastam mais com internações hospitalares e tratamentos de doenças ligadas ao descarte inadequado.
- A perda de recicláveis significa abrir mão de recursos que poderiam gerar renda em cooperativas.
- A remediação de áreas contaminadas pode custar milhões, valor muito superior ao investimento preventivo em aterros e programas de reciclagem.
Caminhos possíveis para o fim dos lixões
Encerrar os lixões exige mais do que leis — é preciso gestão integrada:
- Consórcios intermunicipais: compartilhamento de aterros sanitários entre cidades vizinhas.
- Investimento em infraestrutura: ampliar aterros sanitários regionais e unidades de triagem.
- Inclusão de catadores: cooperativas estruturadas garantem trabalho digno e aumento da reciclagem.
- Educação ambiental: conscientização da população sobre separação e redução de resíduos.
- Tecnologia e rastreabilidade: monitoramento digital do ciclo do resíduo para garantir conformidade e transparência.
Os lixões representam um modelo ultrapassado, que traz riscos sociais, ambientais e econômicos. O Brasil tem legislação, tecnologia e conhecimento para mudar esse cenário — mas depende de vontade política e da consciência coletiva de que os resíduos não podem mais ser tratados como invisíveis.
Encerrá-los não é apenas cumprir a lei: é proteger vidas, reduzir custos e construir cidades mais sustentáveis.
Fontes: Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) | Abrelpe – Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2023 | Ministério do Meio Ambiente