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Reciclagem de vidro no Brasil: por que ainda reciclamos tão pouco?

Quando falamos em reciclagem, o vidro costuma ser lembrado como um dos materiais mais sustentáveis. E com razão: ele é 100% reciclável, pode ser reaproveitado infinitas vezes sem perder qualidade e ainda consome menos energia no processo de fusão do que na fabricação do vidro virgem.

Mesmo assim, o Brasil recicla apenas cerca de 25% do vidro que consome, segundo dados da Abividro (Associação Brasileira das Indústrias de Vidro). Um número muito abaixo do potencial — e da média de países como a Alemanha, onde a taxa passa de 80%.

Mas por que reciclamos tão pouco?

Dificuldades logísticas e econômicas

Uma das principais barreiras está na logística de coleta. Diferente de materiais como papel e alumínio, o vidro é pesado, frágil e de baixo valor agregado. Isso torna o transporte mais caro e arriscado, especialmente para cooperativas e empresas de reciclagem que trabalham com margens apertadas.

Além disso, falta padronização nos sistemas de coleta seletiva. Muitas cidades brasileiras ainda não têm coleta específica para vidro ou não conseguem separar corretamente esse material dos demais.

Contaminação e mistura de cores

Outro problema frequente é a mistura de cores (verde, âmbar e transparente). Isso dificulta o reaproveitamento industrial, que exige vidro separado por cor para manter a qualidade do produto final.

A contaminação com outros resíduos, como restos de alimentos ou cerâmicas, também compromete a eficiência da reciclagem.

Falta de informação e incentivo

Muita gente ainda não sabe onde e como descartar vidro corretamente. Frascos quebrados, copos e potes vão parar no lixo comum, mesmo quando poderiam ser reciclados.

Do lado das empresas, ainda há pouco incentivo fiscal ou regulatório para estimular a logística reversa de embalagens de vidro, embora o tema esteja previsto na Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).

Caminhos possíveis para melhorar o cenário

Apesar dos desafios, existem caminhos para ampliar a reciclagem de vidro no Brasil:

  • Expandir a coleta seletiva com foco em vidro, incluindo ecopontos e parcerias com supermercados e redes varejistas;

  • Estimular a logística reversa, com maior participação das indústrias e marcas consumidoras de embalagens;

  • Investir em campanhas educativas que mostrem como separar, limpar e destinar corretamente o vidro;

  • Fortalecer as cooperativas de catadores, que têm papel essencial na triagem e encaminhamento do material para a reciclagem.

Exemplos positivos no Brasil

Iniciativas como a Verallia (fabricante de embalagens de vidro) e o projeto Vidro Vira Vidro da Ambev mostram que é possível estruturar cadeias de reaproveitamento eficientes e escaláveis. Em alguns estados, como São Paulo e Rio Grande do Sul, redes de pontos de coleta já têm contribuído para ampliar o volume de vidro reciclado.

A mudança começa na separação

Reciclar vidro é possível. Mas para que isso se torne parte da rotina de mais cidades, empresas e consumidores, é preciso repensar o sistema como um todo — da coleta à produção.

Separar o vidro corretamente é o primeiro passo. Destinar para o local certo é o segundo. O terceiro? A pressão por políticas públicas que realmente incentivem o reaproveitamento desse material.

 

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