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Lixões no Brasil: por que eles ainda existem em 2025?

Mais de uma década após a aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), os lixões ainda fazem parte da realidade de centenas de municípios brasileiros. A lei determinava que todos deveriam ser encerrados até 2014, prazo depois prorrogado para 2024. Mas a meta não foi cumprida.

Hoje, milhares de toneladas de resíduos seguem sendo despejadas em áreas abertas, sem qualquer controle ambiental, colocando em risco a saúde da população, contaminando o solo e comprometendo os recursos naturais.

Por que, mesmo com leis claras e avanços tecnológicos, o Brasil ainda convive com os lixões?

O que são os lixões e por que são ilegais

Um lixão é o destino mais precário para os resíduos: um depósito a céu aberto, sem impermeabilização do solo, drenagem de gases ou tratamento do chorume.

A PNRS, sancionada em 2010, estabeleceu metas para substituir lixões por aterros sanitários — estruturas controladas e licenciadas. Apesar disso, dados da Abrelpe mostram que ainda existem mais de 2 mil lixões ativos no Brasil em 2025.

Leia também: Desafios e Oportunidades na Gestão de Resíduos no Brasil

Impactos sociais e ambientais

Os lixões representam muito mais do que um problema estético:

  • Saúde pública: atraem vetores como mosquitos, ratos e baratas, aumentando casos de dengue, leptospirose e outras doenças.
  • Solo e água: o chorume, altamente tóxico, infiltra no solo e contamina lençóis freáticos.
  • Clima: a decomposição sem controle libera metano (CH₄), gás até 28 vezes mais potente que o CO₂ no efeito estufa.
  • Comunidades vulneráveis: catadores e famílias que vivem próximas ficam expostos diariamente a riscos graves de contaminação.

O custo econômico dos lixões

Manter lixões não é barato. Pelo contrário, o impacto econômico é pesado:

  • Municípios gastam mais com internações hospitalares e tratamentos de doenças ligadas ao descarte inadequado.
  • A perda de recicláveis significa abrir mão de recursos que poderiam gerar renda em cooperativas.
  • A remediação de áreas contaminadas pode custar milhões, valor muito superior ao investimento preventivo em aterros e programas de reciclagem.

Caminhos possíveis para o fim dos lixões

Encerrar os lixões exige mais do que leis — é preciso gestão integrada:

  • Consórcios intermunicipais: compartilhamento de aterros sanitários entre cidades vizinhas.
  • Investimento em infraestrutura: ampliar aterros sanitários regionais e unidades de triagem.
  • Inclusão de catadores: cooperativas estruturadas garantem trabalho digno e aumento da reciclagem.
  • Educação ambiental: conscientização da população sobre separação e redução de resíduos.
  • Tecnologia e rastreabilidade: monitoramento digital do ciclo do resíduo para garantir conformidade e transparência.

Os lixões representam um modelo ultrapassado, que traz riscos sociais, ambientais e econômicos. O Brasil tem legislação, tecnologia e conhecimento para mudar esse cenário — mas depende de vontade política e da consciência coletiva de que os resíduos não podem mais ser tratados como invisíveis.

Encerrá-los não é apenas cumprir a lei: é proteger vidas, reduzir custos e construir cidades mais sustentáveis.

Fontes: Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) | Abrelpe – Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2023 | Ministério do Meio Ambiente

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